quinta-feira, 7 de maio de 2009

Da Necessidade de Trabalhos Nesta Área

O desejo de laborar este tema se deve a alguns problemas detectados.


Em primeiro lugar, desde muito antes de meus estudos em Psicanálise que pude perceber, no âmbito religioso, certa relutância de pastores e potenciais pacientes de buscarem psicoterapia, estes precisando do tratamento, aqueles desejando encaminhar seus aconselhandos a um profissional.


Por outro lado, depois de estudar psicanálise, percebi outros problemas como o equívoco de alguns pastores e de alguns profissionais da psique. Estes demonstram de várias maneiras certo desdém pelo religioso e pelos pastores que os aconselham. Ainda mais desdém por psicanalistas cristãos confessos e praticantes. Aqueles se equivocam por não compreenderem que pode existir abordagem no consultório de psicanálise ou de qualquer outra psicoterapia que irá ajudar seu aconselhando independentemente dos assuntos relacionados à fé; ainda, também, por acharem que podem, eles mesmos, tratarem psicologicamente seus aconselhandos em religião.


Em todas as áreas, conhecimento superficial pode levar alguém a achar que já tem a técnica e cometer erros grotescos. Um pedreiro pode sentir-se engenheiro e calcular, ele mesmo, a estrutura de um prédio; tenho informações de que há auxiliares de enfermagem receitando remédios em vários postos de saúde do país. Fui a uma farmácia e o farmacêutico me receitou um antibiótico, com direito a letra esquisita e assinatura afoita. Conversando com minha médica o diagnóstico foi contradito. Também um pastor ou padre, ou mesmo um conselheiro não formal numa Igreja, após estudarem matérias sobre psicoterapia poderão errar neste sentido. Não sou contra estes estudos quando o objetivo é saber discernir melhor quando encaminhar ou não uma pessoa ao psiquiatra ou ao psicoterapeuta.
No âmbito destes impasses ficam os futuros pacientes, sem saber se deve ir, onde ir e a quem procurar.
Em segundo lugar há ainda muita ignorância, no religioso, quanto à necessidade real de psicoterapia. Até alguams décadas atrás presenciávamos pessoas que não iam ao médico por acharem que seria falta de fé e que deveriam esperar de Deus um milagre. Hoje isto já não é bem assim, as pessoas buscam médicos, se submetem a cirurgias e fazem tratamentos em todas as áreas da medicina sem estarem em conflito com sua fé. Mas na área da psique ainda existem problemas advindos da facilidade que existe para se fazer confusão entre matérias de fé e as relacionadas com a psique, via ciência. Citamos Davi que melhorava de suas crises depressivas quando orava e a oração, o cântico, a frequência a cultos e reuniões, tudo isto ajuda contra a depressão, mas um transtorno profundo, que é doença mesmo, não sendo caso de milagre, tem seu tratamento na psicoterapia.
Em terceiro lugar tenho sido testemunha de abordagens em religiosos que deixam a desejar, assustando os pacientes e vacinando-os contra a psicoterapia. Eu chamo algumas abordagens de "atalhos". Para um profissional não tão capacitado ou que não tem interesse em demorar-se na psicoterapia, talvez por falta de retorno financeiro ou por estar trablhando no SUS e precisar de correr contra o tempo, é fácil cair nesta amardilha arranjando uma "receita" rápida, geralmente numa abordagem diretiva, que em si já debilita o processo, levando o paciente à solução rápida, porém contraditória moralmente aos seus princípios. O que acontece é a resistência e não aceitação da "receita", vacinando-se contra "psicoterapeutas" ou a aceitação e entrada em algo pior, conflitos gerados pelos passos seguidos inadvertidamente.
Meu objetivo final aqui, portanto, é conseguir colocar em termos práticos e convicentes que:
Um psicoterapeuta não religioso tem condições de tratar adequada e satisfatoriamente de pacientes religisos.
Um psicoterapeuta cristão ou de outra religião não está desabilitado à psicoterapia apenas pelo fato de ser religioso, a não ser que confunda a função da psicoterapia com outras áreas de ajuda das religiões.
Há, com cereteza, vários erros a serem evitados, nesta área, tanto pelo paciente religioso, pelos pastores, padres e outros conselheiros religiosos, quanto ainda pelos psicoterapeutas.